Sobre Dívidas III


Deixando um pouco de lado as estatísticas, gostaria de analisar com cuidado as razões que normalmente levam as pessoas a se endividar.

Apelos da mídia
Estamos expostos a todo o tipo de apelo provenientes das mais diversas fontes, televisão, rádio, internet, revistas, jornais, telefone, outdoors, e por aí afora. A lista pode ser bem maior, mas o fato relevante é que somos literalmente bombardeados com todo o tipo de propaganda que tentam nos convencer que a boa vida está a apenas um clique do mouse. No fundo, a intenção por trás dos apelos é que fiquemos descontentes com aquilo que já possuímos e decidamos rapidamente por mais uma compra. Como não há limites para as necessidades e principalmente para os desejos dos consumidores, o terreno é propício para o consumo desenfreado.

Falta de Planejamento
Nesta vida de corre corre diário, somos massacrados pelo urgente e esquecemos de fazer a lição de casa da organização de nossas finanças. Poucas são as pessoas que conseguem implantar um sistema de planejamento para o uso do dinheiro, seja de curto, médio ou longo prazo. Há um dado interessante, que diz que 85% das compras são decididas quando estamos diante dos produtos. Isto denota de certa forma, nossa dificuldade de planejar. Também poucos conseguem manter um plano para os gastos, mais conhecido como orçamento. Raramente há metas para doações, formação de reservas e muito menos para investimentos.

Facilidades de crédito
Os que querem vender, e não são poucos, foram, ao longo do tempo, compreendendo a limitação de recursos dos compradores. Então surgiu o que chamamos de crédito, ou seja, uma maneira de propiciar ao comprador potencial a possibilidade de levar o bem imediatamente para pagá-lo posteriormente. São os sistemas de financiamento. Hoje, no mercado, há diversas formas de se conseguir crédito nas lojas diretamente ou através de serviços de terceiros, como os bancos e financeiras, entre outros. O que muitas vezes não percebemos é que podemos pagar caro pelo uso desequilibrado do crédito, isto porque, principalmente no Brasil, as taxas de juros são extremamente altas.

Apenas a ponta do iceberg
Estes fatores que citei podem ser apenas a ponta do iceberg de uma questão mais grave: uma espiritualidade rasa. Já abordei em outros artigos como a quebra do relacionamento do homem com Deus afetou diretamente nossa relação com o dinheiro. Egocentrismo, cobiça, avareza, falta de contentamento, inveja, competição, amor ao dinheiro, são alguns dos fatores que influenciam direta ou indiretamente a forma como conduzimos a administração do dinheiro. Infelizmente, até mesmo os que professam a fé cristã são também influenciados por tais fatores e acabam por exercer uma condução temerária de seus recursos financeiros.

Auto estima em baixa
Fico espantado quando ouço de pessoas instruídas afirmações de que só conseguem adquirir bens através do sistema de crédito vigente em nossa sociedade. Impressiona-me ver como pequenos e grandes empresários sentem-se completamente dependentes do crédito proveniente do setor financeiro. Muitos deles estão com os pires na mão pedindo ao governo que abra linhas de financiamento para suas empresas. Não é sem razão que as oscilações das taxas de juros afetam em cheio o seu humor. Perdemos a capacidade de andarmos com nossas próprias pernas. Para mim é uma premissa urgente resgatarmos nossa auto estima e nos convencermos de que não necessitamos de crédito de terceiros para tocarmos nossas finanças pessoas e corporativas. O trabalho diligente e o planejamento contínuo são essenciais para não dependermos do crédito que, na prática, nos deixa de mãos atadas e não contribui para nossa independência financeira. “Quem planeja e trabalha com dedicação ficará rico; quem quer ficar rico da noite para o dia acaba perdendo o pouco que tem.” (Provérbios 21:5)


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