Por que não sou rico?



Eu acho que, pelo menos uma vez em nossas vidas, já devemos ter pensado sobre a possibilidade de sermos pessoas ricas. Isto normalmente acontece porque as pessoas, em geral, pensam que a riqueza material poderia ser a solução, se não para todos, pelo menos para a maioria dos problemas que normalmente enfrentamos na vida. Responder a esta pergunta não é nada fácil, mas creio que podemos lançar algumas reflexões bem apropriadas para desvendar alguns aspectos deste intrigante questionamento.

Uma via de mão dupla
Se analisarmos sobre o ponto de vista bíblico, e isto é o que sempre nos propomos a fazer, a questão de riqueza tem o aspecto de uma via de mão dupla. O que isto significa? Significa que há pelo menos duas pessoas agindo simultaneamente nesta equação. Deus e você. E aí necessitamos saber qual papel cada um desempenha com relação às finanças.

Papéis de Deus
Segundo a Bíblia, Deus criou todas as coisas. (Gn 1.1). Mas ele criou o dinheiro também? Não. O homem criou o dinheiro. No entanto, hoje o dinheiro representa as posses materiais, que têm origem na criação de Deus (por exemplo, o carro não foi criado por Deus, mas os materiais empregados na sua fabricação, sim). Deus também sustenta a criação (Fl 4.19) e por fim, Ele tem um propósito para a vida de cada pessoa que criou. (Lembra-se dos sonhos de José, filho de Jacó? Se não, dê uma rápida olhada em Gn 37 e seguintes)
Bom, eu penso que é justamente na questão do propósito de Deus para cada pessoa que parte da equação da riqueza pode ser respondida. Será que você pode imaginar Madre Tereza de Calcutá como sendo uma rica empresária, atuando no ramo imobiliário? Parece no mínimo estranho, não? Ou quem sabe, Antônio Ermírio como assistente social, atuando nas favelas da cidade de São Paulo? Será que ele se encaixaria nesse perfil? Será então que Deus já definiu quem serão os ricos e os pobres e nada restou para o homem fazer? (Este não um estudo formal sobre soberania de Deus x livre arbítrio do homem!)

Papel do homem
Uma outra parte desta equação diz respeito ao que nós, como pessoas, devemos fazer. A Bíblia declara que somos administradores da criação. (Gn 1.26b). De uma forma prática, isto significa que temos de administrar bem o nosso salário (para os mais abastados, podemos acrescentar à lista juros das aplicações e investimentos, dividendos, etc.). Cada um de nós tem habilidades diferentes em relação ao dinheiro. Alguns conseguem ganhar muito, mas são inseguros na administração, por isso perdem tudo mais cedo ou mais tarde. Outros administram bem, mas ganham relativamente pouco para se candidatar a serem os “novos ricos”. Ou seja, assim como cada pessoa tem habilidades distintas (uns cantam divinamente enquanto outros só no banheiro), nossas habilidades com o dinheiro também diferem de uma pessoa para outra. Logo, minha conclusão está ligada, em maior ou menor escala às variáveis: Plano de Deus e capacidade de administração.

O que fazer com o dinheiro?
Eu não quero simplificar esta equação, que é bem mais complexa. Mas quero lembrar ao leitor que, mesmo pessoas com limitadas capacidades naturais para lidar com o dinheiro, podem chegar a ultrapassar outras mais naturalmente aquinhoadas se se dispuserem a aplicar os princípios corretos de administração do dinheiro, estabelecendo metas e imprimindo a disciplina necessária. (Imagine, por exemplo, se Mozart, apesar de todo o seu potencial natural, nunca tivesse aprendido música!) Logo, você não deve ficar escondido atrás de sua aparente inabilidade para lidar com dinheiro. A administração financeira é dinâmica. Isto significa que desenvolvemos nossa capacidade de gerir o dinheiro ao longo da vida. Uma criança, por exemplo, tem uma capacidade limitada para tomar decisões em relação ao dinheiro, mas, à medida que vai crescendo e se educando financeiramente, sua atitudes podem torná-la uma pessoa rica.

Riqueza, um fim em si mesmo?
Eu quero concluir esta reflexão dizendo que a riqueza material não deve ser um propósito por si mesma. Vamos lembrar de José, um administrador por excelência que, ao longo dos sete anos da fartura do Egito, gerou uma riqueza suficiente para beneficiar as pessoas durante os seguintes sete anos de extrema fome (Leia Gn 41.47-49). Embora para a sociedade em que vivemos, riqueza tenha o significado de “privilégios”, para Deus, ela significa essencialmente “responsabilidades”, das quais certamente teremos que prestar contas. (Leia a parábola dos talentos em Mt 25.14-28)

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